Quando se fala em estratégia organizacional, as empresas geralmente escolhem entre três abordagens clássicas: diferenciação, liderança em custos ou foco em um nicho específico. Em outras palavras, elas buscam fazer melhor do que os concorrentes, produzir a um custo mais baixo ou se especializar em um público-alvo muito particular. Essas estratégias, no entanto, mantêm as empresas dentro dos limites tradicionais do mercado, competindo diretamente com outras organizações em um espaço que já é conhecido e muitas vezes saturado.
Foi nesse contexto que W. Chan Kim e Renée Mauborgne introduziram os conceitos de Oceano Vermelho e Oceano Azul em seu livro inovador "A Estratégia do Oceano Azul". Esses termos foram criados para descrever dois tipos distintos de espaço de mercado: um marcado pela intensa competição e o outro por possibilidades infinitas de crescimento e inovação.
Oceanos Vermelhos: Navegando em Águas Turbulentas
Os Oceanos Vermelhos representam todos os setores que existem atualmente, ou seja, o espaço de mercado conhecido onde as regras do jogo já estão estabelecidas. Nesse ambiente, as empresas lutam para superar suas rivais, buscando conquistar uma fatia maior do mercado existente. Essa competição feroz muitas vezes resulta em uma batalha pelo mesmo grupo de clientes, o que acaba reduzindo as margens de lucro e aumentando a pressão por inovação dentro de limites muito restritos. O termo oceano vermelho é usado para descrever esse cenário porque a intensa rivalidade torna o mercado "vermelho como sangue", simbolizando a luta constante e desgastante entre os competidores.
A competição nos oceanos vermelhos pode ser comparada a uma guerra de trincheiras, onde cada avanço é conquistado a um custo elevado, e o campo de batalha é cada vez mais estreito. Nesse ambiente, a inovação muitas vezes se torna incremental, pois as empresas buscam melhorar continuamente seus produtos ou serviços dentro de um mercado já saturado. No entanto, essa abordagem, embora comum, limita o potencial de crescimento e pode levar à estagnação.
Oceanos Azuis: Explorando Novos Horizontes
Em contraste, os Oceanos Azuis representam todos os setores que ainda não existem, ou seja, o espaço de mercado inexplorado e livre de concorrência direta. Neste cenário, as regras ainda não foram definidas e as empresas têm a liberdade de criar novos paradigmas, explorar novas oportunidades e, o mais importante, gerar valor de maneiras totalmente inovadoras.
A estratégia do Oceano Azul não se trata de competir dentro das regras estabelecidas, mas sim de redefinir essas regras ou até mesmo criar novas. Trata-se de tornar a concorrência irrelevante ao abrir novos horizontes de mercado, onde a empresa é a primeira a chegar e estabelecer os padrões. Como um vasto oceano azul, esse espaço é profundo, inexplorado e repleto de oportunidades para crescimento rentável e sustentável.
Para ilustrar a eficácia de uma estratégia de Oceano Azul, podemos considerar exemplos de empresas que, ao invés de entrar em uma competição direta, optaram por criar seus próprios espaços de mercado. A Cirque du Soleil, por exemplo, revolucionou o conceito de circo ao combinar elementos teatrais e musicais com a tradicional arte circense, atraindo um público completamente novo e redefinindo o entretenimento ao vivo. Da mesma forma, a Apple, com o lançamento do iPod e, posteriormente, do iPhone, não apenas criou novos produtos, mas também inaugurou categorias inteiramente novas no mercado de tecnologia de consumo.
Como Criar Seu Próprio Oceano Azul
A criação de um Oceano Azul exige um pensamento estratégico que vá além das práticas convencionais. Primeiro, é essencial que as empresas se concentrem em inovação de valor, que é a base da estratégia do Oceano Azul. Isso significa inovar de forma que o novo produto ou serviço não apenas se diferencie, mas também ofereça um valor extraordinário ao cliente, tornando-o irresistível e, muitas vezes, criando uma demanda completamente nova.
Além disso, para navegar em um Oceano Azul, as empresas precisam abandonar a mentalidade de competição direta. Em vez de focar em como superar os concorrentes, elas devem perguntar: "Como podemos oferecer um valor tão superior que a concorrência se torne irrelevante?". Esse é o cerne da estratégia do Oceano Azul — criar um espaço de mercado onde você seja o líder incontestável, não porque venceu a concorrência, mas porque você a deixou para trás.
Outra abordagem importante na criação de um Oceano Azul é a capacidade de visualizar o futuro. As empresas precisam estar dispostas a desafiar suposições antigas e explorar o que é possível, não apenas o que é prático. Isso pode envolver a combinação de tecnologias existentes de novas maneiras, a redefinição da experiência do cliente ou até mesmo a criação de novos canais de distribuição.